Ao sair do Palácio da Alvorada, Bolsonaro ignorou os jornalistas, mas conversou com alguns poucos partidários que o esperavam.
“Que imprensa nós temos no Brasil… Podia logo a imprensa ser um partido político. Ia ficar à esquerda do PT”, disse Bolsonaro a um apoiador que, na conversa, criticava a reação das associações de imprensa às falas do presidente na véspera.
Em seguida, quando comentava com outra apoiadora a situação da educação no Brasil, Bolsonaro disse que as escolas ruins levavam a formação de “jornalistas incompetentes”, apontando para o grupo de repórteres que o esperava em frente ao Alvorada.
Na terça-feira, ao falar com repórteres também no Alvorada, Bolsonaro atacou a jornalista, responsável por uma série de matérias, em 2018, que mostraram o disparo em massa de mensagens de WhatsApp em benefício de sua campanha eleitoral.
“Ela (a jornalista) queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim”, disse Bolsonaro na terça-feira a um grupo de simpatizantes que acompanhava a entrevista.
A declaração foi uma repetição de ataques à jornalista que têm sido feitos por apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais desde que o ex-funcionário de uma das empresas responsáveis pelos disparos, Hans River, afirmou à CPI das Fake News –sem ter apresentado qualquer prova– que a jornalista teria feito uma insinuação sexual para ele com o objetivo de obter informações.
Posteriormente, a Folha publicou longa reportagem mostrando o histórico de contatos entre os dois contradizendo as afirmações de Hans.
O ataque de Bolsonaro causou forte reação das entidades de jornalistas, incluindo a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), além de respostas da Ordem dos Advogados do Brasil, diversos partidos políticos e também parlamentares.