Apesar de apenas 33% considerarem a gestão da crise do coronavírus por Jair Bolsonaro como boa ou ótima, 59% dos brasileiros são contra a renúncia do presidente, apontam dados de uma pesquisa do instituto Datafolha divulgados neste domingo (05/04). Ao mesmo tempo, mais de um terço (37%) dos entrevistados defendem que Bolsonaro renuncie.
Entre os mais ricos, 59% são contra a renúncia. Ao mesmo tempo, 39% dos que têm renda mensal acima de dez salários mínimos defendem que o presidente deixe o cargo, assim como 44% dos jovens e 40% dos que têm formação até o ensino fundamental. Enquanto 74% dos empresários consideram que o presidente não deveria renunciar, 52% dos estudantes são a favor da ideia.
Entre as regiões, as Norte e Centro-Oeste são onde o presidente conta com maior apoio, com 66% contra a sua renúncia, e 30% a favor. O Nordeste, por sua vez, é onde mais se verificou apoio à renúncia (47%), ante 49% contrários à ideia. No Sul, onde Bolsonaro recebeu forte apoio nas eleições, apenas 28% defendem a renúncia. No Sudeste, são 37%.
Segundo o Datafolha, 44% dos brasileiros acreditam que o presidente não tem mais condições de liderar o país, mas 52% ainda endossam a capacidade do presidente de seguir na função. O apoio é maior entre moradores da região Sul (62%) e empresários (65%). Os que mais enxergam uma perda de capacidade de governar são estudantes (57%), enquanto 59% dos mais velhos avaliam o presidente de maneira positiva.
Entre os evangélicos, tradicionais apoiadores de Bolsonaro, 64% são contrários à renúncia, e 60% acreditam que o presidente tem condições de seguir liderando o país.
Em meio à pandemia de coronavírus, políticos da oposição lançaram um manifesto na última segunda-feira para pedir a renúncia de Bolsonaro, acusando-o de ser um líder “irresponsável” e de “cometer crimes, fraudar informações, mentir e incentivar o caos”.
Bolsonaro vem defendendo uma forma de quarentena parcial, isolando apenas idosos e doentes crônicos. O presidente também minimizou repetidas vezes a pandemia, classificando a covid-19 como uma “gripezinha”, inclusive num pronunciamento polêmico que gerou ondas de condenação. O presidente vem sendo alvo de panelaços pelo país.
Na semana passada, redes do Planalto chegaram a publicar uma propagando com o slogan “O Brasil não pode parar”, alinhado com as ideias do presidente sobre a pandemia. No entanto, a campanha foi barrada por ordem da Justiça. O governo apagou as publicações e depois declarou que a campanha “nunca existiu”, apesar de o material ter ficado disponível por três dias.
No último domingo, Bolsonaro passeou por estabelecimentos comerciais na região de Brasília, provocando aglomerações e desafiando as restrições impostas pelo governo do Distrito Federal para conter a circulação de pessoas. O presidente ainda publicou vídeos das visitas em suas redes sociais, que acabaram sendo deletado pelo próprio Twitter, numa rara ação contra um chefe de Estado, por violar as regras da plataforma.
Dados da pesquisa do Datafolha divulgados na última sexta-feira apontaram que Bolsonaro tem uma avaliação pior que governadores e prefeitos quanto à gestão da crise do coronavírus, enquanto a aprovação do Ministério da Saúde é mais que o dobro da do chefe de Estado.
Em comparação com o levantamento anterior do instituto, divulgado em 23 de março, a reprovação de Bolsonaro subiu de 33% para 39%. A porcentagem dos que consideram o desempenho do presidente como regular variou de 26% para 25%, e a dos que o avaliam como ótimo ou bom caiu de 35% para 33%.
Enquanto isso, a aprovação do Ministério da Saúde, comandado pelo ministro Luiz Henrique Mandetta, disparou para 76%, ante os 55% da pesquisa anterior. A reprovação caiu de 12% para 5%, e a avaliação regular foi de 31% para 18%.
Em relação aos governadores, uma média de 58% dos entrevistados considera a gestão do chefe do Executivo de seu estado como ótima ou boa; 23%, regular; e 16%, ruim ou péssima. Na pesquisa divulgada em março, essas avaliações eram de 54%, 28% e 16%, respectivamente.
O instituto Datafolha ouviu 1.511 pessoas, por telefone, entre os dias 1º e 3 de abril. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.