Acovardaram-se sobre denúncias de assédio moral e sexual na cúpula da CBF, enquanto a Seleção feminina expunha sua indignação com coragem sem temer represálias. Calaram-se também quando se decidiu que ninguém usaria a camisa 24 na Copa América, numa clara manifestação de homofobia. Em campo, fracassaram do mesmo modo e a Seleção tombou diante da Argentina na final da competição.
Dias atrás, Neymar subiu o tom para declarar seu repúdio aos brasileiros que torceriam contra a Seleção na partida com os argentinos. Ironizou-os numa rede social e mandou-os lá para a … (uma expressão chula completa a frase). Nessa segunda (12), foi a vez de Thiago Silva fazer o mesmo. O zagueiro fez até uma birra ao dizer que não daria mais entrevistas ou “ingressos para levar filhos e amigos nos jogos, camisas ou fotos” para os que se fazem de amigos e estiveram do lado da Argentina na decisão.
Os dois confundem a Seleção, um time de futebol que, sim, muitas vezes ajudou a projetar a imagem do país no exterior, com uma noção pueril de pátria. Ignoram que pesquisas recentes apontam que mais de 40% dos brasileiros não ligam a mínima para o futebol. Vivem enclausurados em suas bolhas e não se dão conta disso.
O caso de Neymar é mais simbólico. Usou as redes sociais com frequência neste ano para comentar episódios do Big Brother Brasil, para contestar críticas à ação policial que vitimou 29 pessoas no Jacarezinho, favela do Rio, em 6 de maio, e para desafiar a CBF e a Nike, quando concentrado no centro de treinamento da confederação, no mesmo mês, e postou foto com o uniforme de treino da seleção, sobrepondo um emoji no logotipo da empresa, num capítulo à parte de sua rusga com a Nike.
Bravatas de quem vive num mundo paralelo. Neymar e Thiago Silva tentam se legitimar impondo preferências e opiniões. Como se o futebol não fosse livre o suficiente para deixar quem quer que seja torcer para quem bem entender ou mesmo não torcer para ninguém.