Desde sua estreia na Seleção brasileira, em setembro de 2016, com vitória sobre o Equador por 3 a 0, em Quito, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, o técnico Tite jamais havia presenciado vaias à equipe, como as que foram ouvidas no intervalo do jogo de abertura da Copa América, nessa sexta (14), no Morumbi. Até mesmo algumas manifestações de parte da torcida, pedindo “fora Tite”, surgiram pela primeira vez na trajetória de quase três anos do treinador com a Seleção. Depois, no segundo tempo, com o placar de 3 a 0 para o Brasil, a reação do público mudou, com canções de incentivo ao time.
Já em 2017, a Seleção jogou muito bem contra o Paraguai, na Arena Corinthians (3 a 0), repetiu a atuação em confronto com o Equador, na Arena do Grêmio (2 a 0), e se impôs em confronto com o Chile (3 a 0), no Allianz Parque. Também em jogos pelas Eliminatórias. Nesse ano, Tite amargou a primeira derrota com a Seleção – revés de 1 a 0 para a Argentina, em amistoso disputado em junho, na Austrália. Mas a torcida brasileira presente ao estádio em Melbourne não protestou.
Em 2018, antes da Copa do Mundo da Rússia, a Seleção fez quatro amistosos no exterior. Venceu todos (Rússia, Alemanha, Croácia e Áustria). Na competição, recebeu apoio em todas as partidas e quando de sua eliminação, nas quartas de final, contra a Bélgica, não houve vaias à equipe.
Sem o título do Mundial, Tite ficou em situação delicada e a pressão aumentou. Manteve-se no cargo e a Seleção voltou a passar por cima dos adversários em amistosos fora do País. O time, depois do fracasso na Rússia, fez mais seis jogos em 2018 e se deu bem em todos – contra EUA, El Salvador, Arábia Saudita, Argentina, Uruguai e Camarões.
Na primeira partida de 2019, tropeçou ao empatar com o Panamá por 1 a 1. Se o jogo tivesse sido realizado no Brasil, vaias e protestos seriam normais. Mas foi disputado em Portugal, diante de uma torcida pouco exigente. A vitória contra o Catar em 5 de junho, em Brasília, apesar do magro 2 a 0, não deu brechas para vaias – o resultado foi construído no primeiro tempo. Já a goleada por 7 a 0 sobre Honduras, dia 9, em Porto Alegre, só deu motivo para festas.
Então, a expectativa era que a torcida paulista e a Seleção celebrassem seu longo relacionamento com muita paz e harmonia nessa sexta, contra a inexpressiva seleção boliviana. Mas, pelo primeiro tempo ruim, isso não foi possível e Tite acabou obrigado a ouvir milhares de reclamações em coro.